quinta-feira, 25 de setembro de 2008

E tu Maria diz-me onde andas tu.

Lá em baixo ainda anda gente
apesar de ser tão noite
há quem tema a madrugada
e no escuro se afoite
há quem durma tão cansado
nem um beijo os estremece
de manhã acordarão
para o que não lhes apetece
e há quem imite os lobos
embora imitando gente
há quem lute e ao lutar
veja o mundo a andar para a frente

E tu Maria diz-me onde andas tu
qual de nós faltou hoje ao rendez-vous
qual de nós viu a noite
até ser já quase de dia
é tarde, Maria
toda a gente passou horas
em que andou desencontrado
como à espera do comboio
na paragem do autocarro

Lá em baixo ainda anda gente
apesar de ser tão tarde
há quem cresça no escuro
e do dia se resguarde
há quem corra sem ter braços
para os braços que os aceitam
e seus braços juntos crescem
e entrelaçados se deitam
e a manhã traz outros braços
também juntos de outra forma
de quem luta e ao lutar
a si mesmo se transforma

E tu Maria diz-me onde andas tu
qual de nós faltou hoje ao rendez-vous
qual de nós viu a noite
até ser já quase de dia
é tarde, Maria
toda a gente passou horas
em que andou desencontrado
como à espera do comboio
na paragem do autocarro

Lá em baixo ainda há quem passe
e um sonho que anda à solta
vem bater à minha porta
diz a senha da revolta
vou plantá-lo e pô-lo ao sol
até que se recomponha
é um sonho que acordado
vale bem quem ele sonha
lá em baixo, até já disse
que é que tem a ver comigo
e no entanto sobressalto
se me batem ao postigo

E tu Maria diz-me onde andas tu
qual de nós faltou hoje ao rendez-vous
qual de nós viu a noite
até ser já quase de dia
é tarde, Maria
toda a gente passou horas
em que andou desencontrado
como à espera do comboio
na paragem do autocarro

Lá em baixo ainda anda gente
e uma cara desconhecida
vai abrindo no escuro
uma luz como uma ferida
como a luz que corre atrás
da corrida de um cometa
e vejo vales e valados
no sopé duma valeta
lá em baixo ainda anda
gente e uma cara conhecida
vai ateando noite fora
um incêndio na avenida

És tu Maria, eu sei, já sei, és tu
qual de nós faltou hoje ao rendez-vous
qual de nós viu a noite
até ser já quase de dia
é tarde, Maria
toda a gente passou horas
em que andou desencontrado
como à espera do comboio
na paragem do autocarro


Lá Em Baixo, Sérgio Godinho

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Á procura da terra do nunca!

Felicidade!
Quando tudo falha sei que o teatro/a vida estão lá.
Nunca sei se estou a ir ou a vir... sempre á procura.
Sempre á procura da terra do nunca.
Sempre á procura de algo ou alguém, de uma reconciliação .
Sempre á procura... da Terra do Nunca!

em guerra com o amor

-Homem: Quando me encontrares numa rua estreita serei o primeiro a dar-te a mão. Sempre te soube pronta para um mergulho num corpo desconhecido, sempre te conheci querendo a grande guerra eclodindo nos teus cabelos. Agora estou aqui, regresso aos teus passos e tu esqueceste o meu nome. Eu não me recordo também. Apaguei o meu nome para poder dar lugar ao amor estéril que é o nosso. Não sei o que há em ti que te transforma num voo mais profundo que todas as rosas. Estranha, funda criatura. Enquanto não chegares terei o dedo pronto para pressionar o gatilho. O relógio está em contagem de-crescente. Só faltam dez estações até chegar ao centro da cidade envenenada. Declaro-me em guerra com o amor...




Os inevitáveis encontros de Maria e José em http://photomatonrouge.blogspot.com/

Caminhos

Cada um na sua rota mas todos no mesmo barco...

sábado, 13 de setembro de 2008

Vê!

Vê que o meu coração ainda salta
Quer e julga ser capaz
Não o faça por meus medos, faça nos dedos

Eu fico para ver o que ele faz




Manel Cruz (in Foge Foge Bandido) - Borboleta

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Ser...




Quando for velho quero parar e olhar. Apenas olhar...

Sem tempo.

Como se a vida não parasse e não tivesse fim.





foto: Praia das Maçãs, 11 de setembro 2008

Ser...





Quando eramos pequenos o mundo parecia maior. As distâncias eram maiores, o mar não tinha fim e para lá de todas as terras que compreendíamos existia o vazio! Tudo era grande, até brincar… era viver em grande. Nem pensávamos no global, apenas existia o nosso mundo: aquele pequeno mundo gigante que nos rodeava. Cada momento diferente era um mundo ou vida nova. Nesse pequeno mundo existia tudo e tudo o que existia era pura imaginação. Pureza. A ingenuidade e inocência no extremo da verdade.


Tanta verdade.


É estúpido hoje querer ser actor. Apenas quero ser criança para acreditar piamente na verdade de cada mundo imaginado.




foto: Praia das Maçãs, 11 de setembro 2008

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Sim Quero...

E eu por ai… fora daqui. Bom para todos. Sair sem pensar em voltar. Não pensamos todos nisso? Só estou bem quando aqui não estou. Viver “aqui” como um sonho que acaba, como tudo, por fases. Como tudo… calculado á partida, sem saber.Não quero saber.

Caminhar, para onde sem saber?

Sim Quero!

A Medida do Tempo

“Tão cedo tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto Morre!
Tudo é tão pouco! Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada.”


Tudo é tão pouco fase ao tempo que não a sonhar, no sonho existe o combate temporal de sentir e imaginar. Aproveitar o tempo que o sonho nos concede é a magnitude do ser.O ser que vive em pequenos trechos temporais é o homem que vive várias vidas, como a qualquer coisa onde se prende o tempo e se controla a forma como o sonho.Morre quando sonhares com tempos vindoros e vai ao fundo mais rebuscado da tua imaginação para de lá recortares o que encontraste. E quando descobrires a pólvora da tua magnitude, rebenta em formas e cores, aquilo que de melhor sabes fazer... sonhar.

MAYBE TOMORROW

Hoje estou sozinho e quero morrer.
Quero dizer adeus.
ADEUS.
Não responder e não perguntar.
Não quero saber como aqui chego.
Cheguei… só.
Cá estou eu, aqui.
Num mundo sem eu, tu, ele, nós, vós, eles.
Num mundo á maneira, sem grau de pessoa.
Um mundo cheio de fantasmas que tornam isto chato.
Uma lua longínqua e vazia.
Nunca gostamos de um encontrão seguido de uma troca de olhares entre duas pessoas que por acaso passaram na mesma rua da vida
And when I get that feeling... I want a... (?)

Rir...



"Laugh, and the world laughs whit you."

A solidão de rir sozinho também é boa.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Nada devemos recomeçar como acabamos. No entanto o fim está no ínicio e mesmo assim continuamos, continuamos porque nunca se pára ou se separa. Não vivemos mas, revivemos cada lugar novo, com novos olhos, novos ouvidos, novas bocas, novas mãos.